Por João Luís Correa Leite
Guarulhos, 10 de Março de 2022.
O que seriam os equipamentos autônomos de forma resumida?
Equipamento autônomo é todo equipamento que forneça um ar independente do ar atmosférico. O equipamento autônomo pode ser composto de cilindro, válvula de demanda, suporte e máscara facial.
Breve Histórico
· Os equipamentos autônomos datam de 1924,
· Em 1970 surgiram os equipamentos com cilindros de aço chamávamos na época de equipamentos de proteção respiratória com pressão negativa.
· 1990 – uma inovação bastante discutida, os equipamentos passaram a ter pressão positiva e a implantação de cilindros em fibra de carbono.
· 1996 – lançamento e oficialização da NBR 13716 tratando em específico do tema no Brasil.
Boas Práticas - Recomendações
Hoje temos equipamentos com grande gama de diversidades tecnológicas embarcadas.
Atualmente os equipamentos no Brasil possuem certificações E.N. e NFPA, temos verificado a inserção de vários fabricantes do exterior que atendem as normas europeias, porem vale a pena verificar quesitos como peças de reposição original e garantia do produto, importante efetuar manutenção em empresas credenciadas e com histórico de profissionalismo.
Citamos ainda evoluções como câmera térmicas embutidas nas mascaras faciais, estudos ergonômicos para minimização do peso em atividades críticas, dentre outras que tem crescido com base no aprendizados dos ocorridos históricos e análises sobre o que houve de errado, importante frisar a análise de riscos em todas as atividades.
Grandes evoluções ocorreram no controle de incidentes e que foram implementadas após o ocorrido nos Estados Unidos em 11 de setembro 2001 contra as torres gêmeas no World Trade Center e isso vem se aperfeiçoando dia a dia.
Este fato culminou com experiências inclusive com novas tecnologias que além de monitorar o ambiente pode soar alarmes de fuga para os atendentes em caso de riscos a vida e a saúde, alarmes de movimentos e outros mais.
Importante ratificar o cuidado especial quanto ao controle da qualidade do ar respirável pressurizado nos cilindros utilizando metodologias aplicáveis ao tema e previstas na NBR 12543.
Verifiquem o local de instalação dos compressores para que não ocorra a possibilidade de interferentes toxicológicos durante o processo de carregamento e que coloquem em risco a vida e a saúde do usuário.
Recomendam-se também inspeções periódicas e manutenções preventivas que devem ocorrer uma vez ao ano, podemos adotar como boas práticas, além do cumprimento de todas as Legislações.
Faz-se necessário aumentarmos os estudos no Brasil sobre equipamentos específicos para missões envolvendo produtos CBRN (químico, biológico, radiológico e nuclear), atualmente pouco discutido em nosso País.
Importante à implantação de um programa de proteção respiratória, seria ideal pensarmos na saúde dos combatentes objetivando sua saúde futura, tema hoje abordada na NFPA e que infelizmente ainda não dispomos de grandes fontes de pesquisas em nosso País.
Comissão de Estudos atua desde 1996 na evolução de equipamentos para esse segmento e ratifica o excelente trabalho e profissionalismo realizado pelos antecessores.
Atualmente, grande parte das normas brasileiras passam por revisão a cada cinco anos. A nossa Comissão é a responsável pela atualização da NBR 13716, que possui foco em equipamentos de proteção respiratória – máscara autônoma de ar comprimido com circuito aberto.
Devido à necessidade de atualização da norma, que havia sido aprovada em 1996, foi criada uma Comissão. Tivemos como iniciativa um estudo aprofundado, pois precisávamos entender o cenário atual e os anseios dos usuários desses equipamentos, onde estamos e onde queremos chegar.
Anterior a 1996, os estudos técnicos e pesquisas tiveram como base as Normativas Europeias: E.N. 137, E.N. 136-10, E.N. 142, E.N. 144-1/2 e ANSI/CGA G.7.1 – CGA V1.
Resumidamente, poderíamos dizer que as normas europeias, tratavam de máscaras faciais, dispositivos, ensaios respiratórios e se referiam à proteção respiratória autônoma para uso industrial e de bombeiros porem em nossa norma essa classificação não ficava clara. Já a norma ANSI, dos Estados Unidos, tratava sobre qualidade do ar respirável comprimido, bem como as diversas conexões dos cilindros.
Tínhamos a necessidade de nos aprofundar nos estudos e na compreensão de como era o cenário naquela época, evidente que a conclusão foi do brilhantismo dos idealizadores quanto à efetivação da norma.
Assim sendo, fizemos um reestudo da NBR 13716/1996 e das normas europeias. Durante os estudos de aperfeiçoamento, notamos que também era necessário ter mais conhecimento sobre as especificações americanas, entre elas NFPA, NIOSH e CGA.
Diante disso, ficaram claras outras necessidades, como: entender temas atuais referentes à certificação CBRN (Química, Biológica, Radiológica e Nuclear); ampliar o conhecimento sobre os acessórios de comunicação, implantação de sistemas de inércia, componentes eletrônicos, sistemas de telemetrias, sistemas de alertas , câmeras térmicas acopladas aos equipamentos, sistemas Bluetooth e/ou de conectividades sem fios, sistemas de comunicação entre Bombeiros e o Coordenador do Sistema de Comando de Incidentes, rastreamentos dentre outros desenvolvimentos tecnológicos acoplados aos equipamentos de proteção respiratória .
Surgiu também a obrigatoriedade de atender às exigências da Portaria 179 de 18.05.2010 – que se refere ao uso de equipamento para atmosfera explosiva. Inicialmente o que parecia simples, tornou-se bastante complexo.
A relevância do tema elevava cada vez mais a nossa responsabilidade, já que tratávamos de equipamentos que impactam diretamente a saúde e a vida, inclusive utilizada em atividades correlatas a missões críticas.
A Comissão que revisa a NBR 13716/1996, contou com a presença dos Bombeiros Militares e Civis, usuários e fabricantes nacionais e internacionais, formando assim um grupo multidisciplinar e de grande poder de análise, como em toda a norma surgiu à dificuldade quanto à disponibilidade de profissionais para o trabalho voluntário em prol a atualização de Normas ABNT.
Finalizamos a norma em 2021 e encontra-se atualmente em fase de revisão junto a ABNT e em breve entrara em consulta Nacional.
Algumas alterações
Classificação do tipo de mascaras tipo 1 para uso industrial e tipo 2 para combate a incêndio, atualização de definições em geral e em especial a retirada de respirador de demanda com pressão negativa, adequações das condições gerais dentre elas revisão das adequações dos materiais que constituem o equipamento, graduações do manômetro, retirada dos testes práticos que não eram aplicáveis no Brasil, indicação simulador de funcionamento (Posichek ou equipamento assemelhado), adequações de terminologias atuais, menções para NFPA e acessórios eletrônicos com novas tecnologias embarcadas.
Em Estudos
Temos cobrado uma posição do Ministério do Trabalho com apoio da ANIMASEG junto a Brasília, pois atualmente não temos mais os procedimentos de certificação antigamente efetuado pela Fundacentro o que pode prejudicar os fabricantes brasileiros, algo que necessita de uma atenção especial. Atualmente as propostas seriam aceitar as certificações internacionais o que sem dúvidas dificulta para as empresas brasileiras.
Vale ratificar a necessidade de voluntários para os trabalhos junto a ABNT, atualmente temos uma demanda solicitada com foco nos equipamentos de mergulho, porem lamentavelmente poucos especialistas para colaborar neste e em outros temas.
Laboratórios para Testes
Lamentavelmente não conseguimos um Laboratório para certificar os equipamentos autônomos com todos os testes práticos devidos e previstos na antiga NBR 13716, neste momento tivemos que tirar tais indicações, sabemos que existe um grande valor de investimento inicial tanto em equipamentos como necessidade do aperfeiçoamento profissional.
Finalizando
Hoje falamos de um tema ligada a segurança e a saúde, vale a pena investir em tecnologias e acreditar no futuro, certamente serão equipamentos menores e mais práticos num futuro breve, importante sabermos identificar qual o equipamento correto para todas as situações de riscos.
A participação na ABNT com foco nos estudos técnicos é primordial para nossa segurança e o futuro das ações prevencionistas em todos os campos e aspectos, investir em ações seguras será sempre vida e não custos.
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